Medicina
Covid-19: quais as diferenças entre as variantes e por que devemos tomar cuidado?
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Muitas dúvidas surgem desde o início da pandemia da Covid-19. Após termos técnicos como variantes, mutações e cepas virem à tona, pode parecer cada vez mais difícil entender como um vírus funciona no corpo humano e como é possível se proteger dele. Os novos casos da variante Mu confirmados no Brasil e a velocidade do aumento de casos da Delta também preocupam em relação ao controle da pandemia no país, já que o avanço da vacinação têm contribuído com a queda de casos mais graves, internações e óbitos.
Para ajudar a entender melhor o assunto, o diretor científico do laboratório de biotecnologia DNA Consult e professor na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Euclides Matheucci, Jr., tirou as principais dúvidas sobre situação atual e as diferenças de cada tipo de variante. Confira:
Afinal, o que são variantes?
Segundo o especialista é tudo parte da versão original do vírus. “Podemos dizer que uma variante é a nova versão de um vírus após ele sofrer uma mutação ao replicar nas células. Com isso sua composição genética se altera e não é mais idêntica à primeira versão dele”, explica.
Qual a diferença entre mutação e variante?
O professor explica que as variantes surgem a partir das mutações. “Como explicado anteriormente, uma mutação é o processo de mudança que o vírus sofre após se replicar nas células e estas alterações acabam sendo esperadas com a sua disseminação. A partir desta mutação, surgem as novas variantes que tem um código genético diferente do vírus original, como se fossem novos vírus”, esclarece.
Qual a diferença entre uma variante de interesse e uma variante de preocupação?
Como forma de controle da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu categorizações para as variantes do vírus SARS-CoV-2 que estão circulando pelo mundo, são elas: Variantes de Preocupação (VOC), do termo em inglês Variants of Concern, e Variantes de Interesse (VOI), em inglês Variants of Interest. “Essa classificação serve para que a população consiga entender as características de cada variante. Nem sempre uma nova variante apresenta mais riscos, mas é preciso entender suas diferenças e para isso existe o acompanhamento científico com o sequenciamento genético”, afirma Euclides.
“Dessa forma, segundo a classificação da OMS, as Variantes de Preocupação são aquelas que podem contribuir com o aumento da transmissão e possuem uma alteração considerada prejudicial para o controle epidemiológico. Elas podem ainda apresentar uma mudança do quadro clínico viral ou até mesmo demonstrar resistência às medidas sanitárias de controle, como terapias e vacinas”, explica.
“Já as Variantes de Interesse são aquelas que apresentam mudanças genéticas no vírus original e causam transmissão comunitária com muitos casos ou agrupamentos, ou até mesmo podem ter sido identificadas em vários países”, completa Euclides.
De acordo com o monitoramento da OMS, atualmente existem quatro Variantes de Preocupação (VOC):
– Alpha (B.1.1.7), identificada no Reino Unido
– Beta (B.1.351), identificada na África do Sul
– Gama (P.1), identificada no Brasil
– Delta (B.1.617.2), identificada na Índia
Já as Variantes de Interesse (VOI) somam cinco no total:
– Eta (B.1.525), identificada em vários países
– Iota (B.1.526), identificada nos Estados Unidos
– Kappa (B.1.617.1), identificada na Índia
– Lambda (C.37), identificada no Peru
– Mu (B.1.621), identificada na Colômbia
Recentemente, novos casos da variante Mu foram confirmados no Brasil e o receio se a nova mutação pode ser imune a vacina se tornou uma incógnita. Para Euclides, por enquanto não há respostas conclusivas, uma vez que é necessário acompanhar o monitoramento científico. “A variante Mu, assim como as outras variantes, está sendo acompanhada constantemente pelos órgãos científicos. Não podemos nos precipitar em temer uma variante mais do que outra. O recomendado ainda é continuar seguindo as normas de distanciamento, o uso de máscaras e realizar a higiene contínua das mãos. Apesar do avanço da vacinação, a pandemia ainda não acabou e o risco de se contaminar ainda é grande”, finaliza Matheucci.
Equipe Motim